Restaurante Le Jules Verne

França... tem lugar melhor para gastar tempo? Não, é claro que não. Mas para mim, não possuidor de visto, tudo fica mais complicado. Não posso ficar andando por ai, se algum policial me pega... Crac! Nunca mais poderia voltar para esse belo lugar. Crac! Aparatei em um beco muito escuro e sujo: o chorume pulava de uma grande lata de lixo e fazia uma poça no chão, tive que passar com muito cuidado por ali... tinha acabado de passar na Alemanha pra comprar meu tênis. Quando saí do lugar acabado, me deparei com a bela Paris brilhando para todos que passavam ao pé da Torre Eiffel. Casais estrangeiros pediam para que os habitantes dali tirassem fotos, bebês choravam, pessoas se beijavam.. era Paris. Sabia em que lugar eu deveria ir, era ali perto, um lugar bem famoso. Um segundo depois pude várias pessoas entrando em um lugar: deveria ser ali. E realmente era ali, o belo restaurante Le Jules Verne. Só a fachada tirava-me um suspiro, o lado de dentro então. Exalava um cheiro de produto de limpeza, e, olha (ou melhor, cheira), que odor maravilhoso. Assim que coloquei o segundo pé no restaurante uma mesa na vitrine fora deixada por um casal... tentei andar o mais rápido possível sem correr - para manter a classe. Um mísero minuto depois o garçom chegara na minha mesa:

- O que senhorr gostarria de comerr hoje? - falou em inglês, mas o sotaque era espetacularmente francês.

- Um café por favor. - já o meu, que deveria ser britânico, era nulo.

Gigantes cinco minutos depois, o garçom vinha trazendo uma pequena xícara sustentada por um pírex, ambos brancos e brilhantes. Tinham feito um desenho no café: uma carinha feliz. E o que seria de mim se faltasse com tanta educação? Retribui o sorriso do simpático rostinho. Levei a xícara até a boca e tomei um pequeno golinho, e só com esse pequeno gole minha garganta ardeu. Olhei novamente para a superfície do café, e a carinha estava toda desfigurada.

- Descanse em paz! - murmurei pra xícara, tomando outro gole em seguida.

O relógio do restaurante marcava duas horas da tarde, já era hora de ir. Levantei-me, dando espaço para outro casal. Saí do restaurante; observei os casais, os bebês e os estrangeiros ao pé da Torre Eiffel; voltei ao beco sujo e chorumoso. Crac!.

>> Encerrado <<